catarina:
procurava respostas, respostas para as minhas perguntas sem fim. "porquê ? porquê que tu me deixas-te ? porquê que a beijas-te ? porquê que me disseste aquilo na carta ?" estas foram as duvidas com que me deixas-te, duvidas essas que só poderiam ser esclarecidas por ti, mas ironicamente tu nunca te disponibilizaste a isso. olhei para o urso à espera de respostas, mas assim como tu, ele não me disse nada. escolheste bem o presente, combina exactamente contigo: não diz nada.
já me doía o corpo de tantas voltas que dava na cama, levantei-me e caminhei até ao espelho que se encontrava perto da porta. minha santa mãe, o meu cabelo estava horrível ! ah, boa sorte para me tentares superar cruella de vil.
decidi então que iria tomar banho, saí do quarto e caminhei até à casa de banho. demorei cerca de 20mints. no banho, quando saí decidi vestir uns simples calções, uma regata e calçar uns chinelos de dedo (♥). prendi o cabelo num simples puxo, fazendo-o demorar mais a secar, e coloquei desodorizante. não estava de todo, com disposição para me arranjar, não hoje. decidi ir até à cozinha comer alguma coisa, quando o vi. estava sentado a comer cereais, fiquei na duvida se devia ou não cumprimentá-lo, achei melhor não. ele é que errou, não fui eu, portanto.
olhou para mim, mas nada disse. continuou a comer como se não eu não estivesse lá. quando estava prestes a sair, ele aproximou-se de mim para pousar a louça na banca, fazendo-me estremecer por completo. aquele seu cheiro sempre me fazia ficar totalmente à sua mercê. desviei-me e saí da cozinha, não me iria estar a martirizar mais, não valeria de todo a pena.
estava a precisar de duas coisas: de ti e da minha irmã.
patrícia:
acordei com alguém a mexer-me no rosto, pelo toque pude perceber de quem se tratava. sorri quando os meus olhos se encontraram com os dele.
ele: bom dia princesa - beijou-me.
eu: bom dia - disse rouca - vais sair ? - perguntei assim que se levantou da cama e começou-se a vestir.
ele: vou - mordeu o lábio - não contem comigo para o almoço, ou para o jantar - acabou de apertar o botão das calças.
eu: parece que somos casados - ri-me - está bem - levantei-me - vou ver como está a minha irmã - dei-lhe um beijo e saí.
bati na porta, mas ninguém respondeu. das duas uma, ou ainda estava a dormir ou já tinha saído. decidi entrar e vi-a deitada a ouvir música. ao aproximar-me, pude reparar que chorava. justin eu mato-te !
deitei-me ao seu lado e abracei-a, ela nada disse só retribuiu o abraço. não era preciso dizer nada, ambas sabíamos o que se passava. ou melhor: o que não se passava.
pi: porquê que dói tanto tita ? – quebrou o silêncio.
eu: diz-me algo que não doa - acariciei-lhe a cabeça.
pi: não sei - soluçou - eu era feliz com ele.
eu: eu também era feliz sem o dudu, e como podes ver agora também o sou - afastei-me dela - olha para mim. é tudo uma questão de habito.
pi: mas eu não me consigo habituar à sua ausência - queixou-se.
eu: e quem é que te disse que tens que te habituar ? diz-me lá, se te adianta de alguma coisa estares aqui a chorar - limpei-lhe os olhos - vai em frente.
pi: e se me magoo ?
eu: eu vou estar aqui, como sempre estive - encoragei-a - vai lá, tenta ao menos esclarecer as tuas dúvidas.
pi: tenho tanto medo - suspirou.
eu: não tenhas - olhei para o seu lado - o que é aquilo ?
pi: um urso de peluche - constatou o óbvio.
eu: sim, mas é teu ? - estranhei por nunca o ter visto.
pi: é. o justin deu-me ontem - mordeu o lábio - juntamente com uma carta.
eu: que dizia ? - fiquei verdadeiramente curiosa.
pi: que estava arrependido e para cuidar do peluche da mesma forma que cuidei dele - olhei-a de uma forma que dissesse "estás a brincar ? e tu ainda estás aí ?" - devo falar com ele, não devo ? - percebeu o significado dos meus olhares.
eu: claro ! - quase gritei - nem sei o quê que ainda estás aí a fazer.
ela levantou-se da cama, e eu sorri-lhe. esta sim era a minha irmã. saiu do quarto deixando-me sozinha. olhei para o peluche e peguei nele.
eu: é, até que és bonitinho saco de pulgas - ri-me e pousei-o. eu estava seriamente a necessitar de marcar uma consulta num psiquiatra.
catarina:
a coragem era pouca, e o medo era enorme. respirei fundo, numa tentativa de achar a coragem que me faltava. quando cheguei à sala vi-o deitado no sofá, a assistir não sei o quê. peguei no comando e desliguei a televisão.
ele: eu estava a ver isso - queixou-se.
eu: azarito, eu também era feliz sem ti e olha - esforcei um sorriso.
ele: boa, já não te precisas de preocupar com isso - olhou para mim - já não estou contigo por isso - levantou-se do sofá.
eu: olha lá, não vais sair sem primeiro ouvires o que te tenho para dizer.
ele: rápido, que eu não tenho a tua vida - disse arrogante - tenho a isa à minha espera - atirou-me à cara.
eu: ai que o amor é tão lindo - ironizei - até agora estavas a ver isso e agora já tens um encontro. incrível justin, és mesmo um homem ocupado, quer dizer, alguém ocupado, porque de homem tens pouco.
ele: até agora era o homem da tua vida, agora já não sou homem ? deixa de ser infantil catarina, não tens moral nenhuma para teres esse ataque de ciúmes, se eu bem me lembro ontem estavas aos beijos com o gustavo.
eu: tens cá uma moral justin, a sério - ri-me cinicamente - eu já não tinha nada contigo, ao contrário de ti.
ele: ele era meu amigo, foste mesmo baixa - olhou-me de cima a baixo - quer dizer, foste o que és, não é ?
eu: e eu era tua namorada ! - ripostei - sou baixa ? só se for de altura, porque de resto sempre joguei limpo. ao contrário de ti.
ele: és baixa em tudo ! - respirou fundo - sinceramente ? não tenho que levar contigo.
eu: tens sim, mas é que tens mesmo ! tu queres o quê afinal ?
ele: isso pergunto-te eu, tu é que vieste falar comigo.
eu: pensei que fosses diferente, mas afinal és igual a todos - constatei - o urso foi para quê ? para me magoares mais, era para isso ? é que se foi, muitos parabéns, conseguis-te.
ele: e tu catarina não pensas um bocadinho no que eu estou a sentir ? não pensas nem sequer um bocado no medo que eu tenho de te perder para o gustavo?
eu: óh que coisa fofa, depois de me traíres tens medo de me perder - esforcei um riso - és mesmo engraçado.
ele: aconteceu, não tive culpa ! - aumentou o seu tom de voz - achas mesmo que eu quero algo com ela ?
eu: eu agora não acho nada, porque eu não te conheço.
ele: lamento que assim seja. eu afastei-me de ti, porque estava confuso.
eu: realmente, confusão deve ser o teu nome do meio - ironizei - e agora já estás mais esclarecido ?
ele: estou, mas ao que parece não adianta de nada - suspirou.
eu: adianta sim, ela deve estar à tua espera, aproveita - tentei parecer forte.
ele: a sério catarina, achas mesmo que a minha escolha foi ela ? - olhou-me nos olhos.
eu: não foi ? - senti o meu coração a bater muito mais depressa do que o habitual.
ele: não - admitiu - não te amo, é certo. mas preciso de ti - admitiu.
eu: és tão idiota - dei-me por vencida - devias de morrer - ri-me.
ele: tentamos de novo ? - caminhou até mim e esticou-me a mão - agora do principio - agarrei-lhe a mão e puxei-o para mim, fazendo-nos abraçar.
patrícia:
mesmo não sendo nada comigo, eu estava ansiosa para ver no que aquela conversa iria dar. epá, é minha irmã, é natural.
o meu telemovel começou a tocar, era o hugo. atendi. perguntou-me se não queria ir sair com ele, aceitei. tinha sido essa a troca pela camisola fofa. não estava a fazer nada em casa e não, por isso. fui-me vestir (♥), deixei o cabelo ao natural e saí de casa. quando cheguei ao parque lá estava ele, sentado à minha espera.
eu: olá - disse chegando à sua beira, sentando-me.
hugo: olá - sorriu-me - então e não trouxeste ninguém contigo ?
eu: não, era suposto ? - fiquei confusa.
hugo: não, claro que não - apressou-se a responder - é que sempre que te vejo, costumas estar sempre rodeada de gente.
eu: a isso chamam-se amigos - ri-me - mas desta vez vim sozinha. visto que o justin e a minha irmã estão não sei onde e o dudu foi sair.
hugo: mesmo a dizeres que fui a tua última opção - fingiu-se amuado.
eu: nada a ver, óh parvo - ri-me - então e lembraste-te de mim assim do nada ?
hugo: do nada não, tu estás sempre no meu pensamento - mordeu o lábio, deixando-me sem saber o que dizer.
eu: que fofo - ri-me - até tens jeito para conquistas.
hugo: não te estou a tentar conquistar, quer dizer, até estou. mas o que eu disse é a verdade.
eu: pois pois - ele estava-me a pôr numa situação complicada, eu namorava.
hugo: namoras ? - perguntou realmente curioso.
eu: não - menti, não lhe podia dizer a verdade - e tu ?
hugo: estou à espera que te decidas - disse fazendo-me ficar confusa.
eu: que me decida ? em quê ?
hugo: se queres que a tua camisola se adeqúe a nós, ou não - mal ele disse isso, reparei no desenho da camisola. mau karma, muito mau karma mesmo.
eu: sabes que nós mal nos conhecemos, não sabes ?
hugo: andamos a falar à cinco meses, achas isso pouco ? - fez-me soltar um riso - dá-me essa oportunidade, patrícia.
não me deixou responder, mal acabou a frase agarrou-me e beijou-me. não vou dizer que não gostei, porque para ser sincera gostei. hipocrisias para quê ? o raio do rapaz era lindo e super atraente, mas o meu único problema foi o dudu. eu iria-lhe dizer o quê ? também não queria magoar o hugo.
mesmo não sendo o beijo do dudu, arrepiei-me. ele sabia bem o que fazia, beijava com vontade e isso dava um gosto ainda maior ao beijo.
porquê que decidiste fazer isto agora hugo manuel ? logo agora, que estou bem com o dudu. separamos-nos, por falta de ar. não consegui dizer nada. fiquei realmente assustada quando vi o dudu à minha frente, se antes estava com falta de ar, agora fiquei totalmente sem respirar. eita, fudeu !
hugo: então meu ? - cumprimentou o dudu todo animado.
ele: tá tudo ? - disfarçou a sua irritação - olá - disse seco olhando para mim.
laura: pensei que já te tivesses ido embora.
hugo: nada disso, houve algo que me prendeu aqui - olhou para mim, ao que lhe respondi com um sorriso totalmente falso.
ele: vocês estão a namorar ? - perguntou já demonstrando a irritação que teimava em esconder.
hugo: ainda não sei, estava agora à espera que ela me respondesse - olhou para mim.
laura: eu acho que devias aceitar - meteu-se na conversa - aproveita - disse toda falsa.
ele: é, também acho que devias aceitar - olhou para mim com uma expressão magoada.
eu: achas ? - perguntei realmente curiosa, para quem me queria afastada dele ...
ele: acho - disse arrogante - não tens nada com ninguém e não, por isso.
eu: está bem, eu aceito - disse sem pensar.
hugo: a sério ? - brindou-me com um sorriso sincero e lindo.
eu: sim - disse irritada por causa do dudu.
laura: que bom, agora podemos ir os quatro para casa da patrícia - estava-me a meter nojo.
...
chegamos a casa, e não estava lá ninguém. era estranho, mas também tinha tanto que me preocupar que nem liguei. deixei-os na sala e fui até o meu quarto. senti a porta a ser batida com imensa força, tanta que me fez dar um salto com o seu barulho.
ele: estás feliz ? - perguntou-me visivelmente irritado - eu não acredito que aceitas-te !
eu: tu é que me incentivaste a fazê-lo - defendi-me.
ele: e tu aceitas-te ! - gritou - dá-me um motivo para não lhe ir partir a boca agora.
eu: mas tu estás parvo ? fala baixo, que ainda nos ouvem !
ele: eu quero lá saber, tu traíste-me !
eu: eu ? ele é que me beijou caramba !
ele: e tu gostas-te, ou vais negar ? - olhou-me nos olhos.
eu: não, não vou negar. gostei - admiti - não tenho culpa.
ele: eu confiei em ti e tu fizeste-me isto - atirou-me à cara.
eu: desculpa - disse demasiado baixo.
ele: não, não desculpo - suspirou - a tua sorte é seres miúda.
eu: porquê ? se não batias-me - perguntei chocada - então bate, estás à vontade.
ele caminhou até mim e agarrou-me, por momentos assustei-me. tinha sido com demasiada força, olhou-me nos olhos e sem sequer pedir permissão beijou-me. era um beijo novo, era rápido e inseguro. tinha mil e uma sensações misturadas, eu tinha que parar de beijar desta maneira, se não qualquer dia ficava sem boca. afastou-se de mim e sorriu, lambeu o lábio superior e com um ar de vencedor disse-me:
ele: queres namorar com ele ? tudo muito bem, não tenho direito de te impedir, fica só a saber de uma coisa: não vás mais longe, porque eu não garanto que me controle.
eu: estás a insinuar o que eu estou a pensar ? - ri-me - estás-me a dizer que não posso ter nada mais avançado com o meu namorado ?
ele: com o teu namorado podes, com o hugo não - riu-se.
eu: és tão parvo - ri-me - e se eu sei que já tiveste algo com a laura és castrado - rimos-nos os dois.
ele: combinado - beijou-me como forma de selarmos os pacto.
ele era meu e sempre seria, assim como eu era dele. quanto ao hugo, era algo que tinha que resolver e o mais rápido possível.